sexta-feira, 26 de março de 2010

uma cronica poética em março

Uma crônica poética em março

muitos sabem que sou autodidata, a maioria não sabe da missa a metade,
mas talvez eu me tornasse assim por gostar de ser livre pensadora.
livre experimentadora de tudo no mundo. sem escola ou estilo.
atriz por imposição amorosa do destino
pisei num palco aos 13 anos e nunca mais o larguei.
com os mil leões que sempre tive que matar por dia,
tive e sempre terei muitos mestres ao longo da jornada,
mas sempre me senti desapegada, embora grata a todos eles.
descontruí uma carreira ao longo de toda a vida num aprendizado
feliz de todas as senhas posíveis e numa experimentação
titânica de todas as possibilidades de me sentir viva.
o palco com sua magia nos permite isso.
só não me lembro de ter precisado alguma vez,
passar por cima de ninguém, para isso.
posso ter os defeitos, terríveis,
mas com certeza nunca precisei sabotar ou puxar o tapete
de ninguém pra fazer o meu trabalho.
nunca nem lembrei de desmerecer alguém para exercer
o meu ofício.
nem em nenhum outro campo de minha vida.
durmo com a minha conscência bem tranquila assim.

talvez por isso me entristeça que pseudos atores,
sem mérito próprio, se revelem capazes de promover reuniões
com intuito de desmerecer outros, quiçá bem maiores
ou pelo menos ausentes de seu movimentos.
não concebo, do alto da minha nenhuma experiência,
que eles se revelem tão mesquinhos e medíocres
a ponto de convocarem outros para alicia-los
em seus pequenos e estranhos mundos... para
envenena-los com as projeções de suas sombras.
no entanto, desejo-lhes bom proveito.

porque ninguém sobe nenhum degrau de sua carreira
trepando nas costas dos outros
e acho que eles não sabem disso.
ninguém evolui às custas da destruição do outro.
pelo contrário, a evolução é um lance puramente
individual e gregário, amoroso e cósmico, que depende
de nossos méritos em um plano ascensional.

nada de novo sob o sol, disse shakespeare.
nada que nos surpreenda muito quando lembramos
da importãncia de permitir que enquanto os cães ladrem,
a nossa caravana sempre passe.
poruqe cada só pode dar o que tem, afinal.

lembramos que cultura nem sempre se refere a bom caráter
e não nos consta que figuras assim, cheias de veneno,
intrigantes e maledicentes cheguem a algum lugar....
o lugar bacana das figuras que colocam seus corações,
tesões e libidos nas suas jornadas.

O I Ching fala disso: vasculhar debaixo da cama...
descascar.... algo de muito podre sob as máscaras....
E nem preciso abrir o tarô para saber de um momento
desagradável de descoberta assim: vejo o arcano XVIII
da Lua que fala dos inimigos ocultos, feito lobos e ratos,
de tocaia, urdindo suas escaramuças...
desmascarados à luz do Sol do arcano XVIIII, o Sol.

antes tarde do que nunca.

Gisele Lemper,
em pleno ano novo de 2010.