sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Cantoria


Cantoria
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" Apenas a autenticidade da minha poesia arrancada aos pedaços do fundo da minha sensibilidade." Cora Coralina.
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Eu gosto de contar histórias,
de falar bonito, de dizer das crônicas
do cotidiano, com seus acontecimentos,
à flor dos olhos contemplativos.
Das singularidades que rompem a tensão
do silêncio, da sonoridade musical
que desperta na alma o sentimento inusitado.
Eu gosto de escrever como quem escreve
cartas aos amigos, quando dá saudade,
trocando figurinhas raras com os que
artistam desbragadamente.
De dar com a língua ríspida nos dentes,
em frases leoninas, desconcertar o leitor,
galvanizando a atenção com denúncias
existenciais, urgentíssimas.
E de fazer poesia, como quem cultiva
o afeto, com o cuidado de um florista,
em rosais extensos, os gestos pacientes,
cheios de compreensão.
Pra não entrar numas de me entregar
ao desespero, pra nunca levar nada
às últimas consequências.
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( poema de Gisele no livro Duo )

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