segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

língua à brasileira



Q acordo ortográfico qual nada
uma língua é esculpida na lábia

Língua à Brasileira

Luis Turiba

Ó órgão vernacular alongado
Hábil áspero ponteado
Móvel Nobel ágil tátil
Amálgama lusa malvada
Degusta deglute deflora
Mas qual flora antropofágica
Salva a pátria mal amada

Língua de trapo, língua solta
Língua ferina, língua douta
Língua cheia de saliva
Savará língua de fogo!

Viva & declinativa
Língua fônica apócrifa
Lusófona & arcaica
Crioula iorubaica

Língua de sogra, língua provecta
Língua morta & ressurecta
Língua tonal viperina
Palmo de neolatina
Poema em linha reta
Lusíadas no fim do túnel
Caetano não fica mudo
Nem "Seo" Manuel lá da esquina

Por ti Guesa Errante, afro-gueixa
O mar se abre o sol se deita
Por Mários de Sagarana
Por magos de Saramago
Viva os lábios!
Viva os livros!
Dos Rosas Campos & Netos
Os léxicos, Andrades, os êxtases
Toda a síntese da sintaxe
Dos erros milionários
Desses malandros otários
Descartáveis, de gorjetas

Língua afiada a Machado
Afinal, cabeça afeita
Desafinada índia-preta
Por cruzas mil linguageiras
A coisa mais língua que existe
É o beijo da impureza
Desta língua que adeja
Toda a brisa brasileira
Por mim,
Tupi,
Por tu Guesa

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